
A Cabernet Franc ainda dita lei

Todos os pais querem o bem dos próprios filhos, desejando que consigam êxito onde eles faliram, que obtenham o que eles não obtiveram.
É assim que imaginamos o pensamento da quase anônima e subestimada Cabernet Franc, que cruzada com a Sauvignon Blanc deu origem à Cabernet Sauvignon, a rainha das uvas tintas.
A Franc ficou na sombra de sua filha, mas isso não significa que seja pouco importante, apenas, digamos, colocou o seu lugar nos bastidores, deixando a sua criatura brilhar.
Mas de fato, a Cabernet Franc é uma das mais ilustres uvas viníferas do mundo, fazendo parte da badalada tríade que forma o corte clássico de Bordeaux (junto com a Cabernet Sauvignon e Merlot). Inclusive, em alguns lugares da França, é a principal casta cultivada, aparecendo frequentemente como monovarietal (como no Vale do Loire).
Quando usada em corte, muitas vezes ela representa a menor proporção, mas é justamente essa pequena parcela que faz toda a diferença, assim como um tempero faz toda a diferença num prato. Inclusive, o tempero não é só metafórico, pois a uva se caracteriza pelo seu toque apimentado, notas de tabaco, além de perfumes de violeta e cassis. Ela confere ao vinho mais frescor, mais finesse, mais elegância, sendo definida por muitos como o lado feminino da Cabernet Sauvignon.
Mas de fato a Cabernet Franc é uma das mais ilustres uvas viníferas do mundo.
Normalmente ela é tão frutada quanto a Cabernet Sauvignon, mas de cor mais pálida e corpo mais leve, menos tânica e mais suave, e com uma nota herbácea mais viva.
Vale lembrar que, muitas vezes, se torna a “salvadora” dos tintos de Bordeaux: como ela matura mais cedo e, portanto, é colhida antes da Cabernet Sauvignon, seu papel se torna fundamental quando, nas semanas seguintes, chuvas e granizo podem acabar estragando a safra.
Chamada também de Bordó, Bouchet, Cabernet Gris, Breton, Bidure, Achéria (entre outros nomes), ela se dá bem em climas continentais e frios e é plantada em várias regiões vinícolas do planeta.
Nem todo mundo sabe, por exemplo, que foi a principal casta do Brasil até a década de 1980, quando o foco se mudou para Merlot (e sucessivamente para Cabernet Sauvignon).
Normalmente ela é tão frutada quanto a Cabernet Sauvignon, mas de cor mais pálida e corpo mais leve.
Como dissemos antes, é a cepa protagonista do Vale do Loire, principalmente nas denominações de Chinon e Bourgueil.
Tem boa difusão também na Itália, basta lembrar dos supertoscanos que empregam corte bordalês, mas é, sobretudo no nordeste do país, particularmente no Friuli, onde se torna destaque em belíssimos tintos.
Ainda no Velho Mundo, tem um bom desempenho na Hungria, Croácia e Romênia.
Já no Novo Mundo, encontramos alguns válidos exemplares no norte dos Estados Unidos (especialmente no estado de Washington), e também no Canadá. Mas em ambos os casos ela é mais utilizada para Ice Wine, o famoso vinho de sobremesa local (onde a uva é submissa a um processo de congelamento natural).
No Chile, a casta está sendo explorada com bons resultados, e na Argentina, talvez esteja dando êxitos ainda melhores, com alguns Cabernet Francs mais expressivos do que muitos Malbecs.
Como dissemos antes, é a cepa protagonista do Vale do Loire, principalmente nas denominações de Chinon e Bourgueil.
Ainda a encontramos, mas em maneira mais discreta, na Austrália e na África do Sul.
Enfim, a filha Cabernet Sauvignon pode estar reinando, mas a verdade é que sua mãe ainda possui a autoridade.

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Comentários
Ganhei um vinho do meu avô, um vendemmia 1978 , colli orientalli del fruili cabernet Franc, pogiobello, rosazzo Itália. Gostaria de informações sobre ele já a não encontro na web, valor comercial e se eh colecionavel. Obrigado
Ganhei um vinho do meu avô, um vendemmia 1978 , colli orientalli del fruili cabernet Francisco, pogiobello, rosazzo Itália. Gostaria de informações sobre ele já a não encontro na web, valor comercial e se eh colecionavel. Obrigado