
Qual a diferença entre os tipos de rolha?

Cortiça, sintética, screw cap, vidro… O que não falta é variedade de rolhas. Mas por quê? Quais são as diferenças entre elas? Pode até parecer que é só pra complicar a nossa vida, mas não é, não. Prepare uma taça de vinho que hoje vamos aprender a não torcer o nariz para nenhum tipo de vedação. Cada uma tem o seu valor.
Cortiça
Desde o século 17, as garrafas de vinho são fechadas com rolha de cortiça, que nada mais é do que um pedaço da casca do sobreiro, árvore natural de Portugal que detém, aproximadamente, 90% da produção de cortiça. Mas só no estilo mais convencional já se encontra subdivisões:
Maciças
As rolhas de cortiça maciça são as mais desejadas do mundo das rolhas. Elas não utilizam nenhum outro material além do que é extraído, já em formato cilíndrico, da casca do sobreiro. São capazes de se comprimir até a entrada completa no gargalo da garrafa e lá dentro se expandem novamente, vedando o vinho por completo, por isso, são as mais indicadas para vinhos de longa guarda.
Aglomeradas
Mas o que se faz com as sobras da casca que deu vida às rolhas maciças? Joga-se fora? De jeito nenhum! As sobras são processadas e aglomeradas com cola em formato cilíndrico, por isso o nome. Que elas são menos resistentes, é fato. Mas são mais baratas e cumprem muitíssimo bem o seu papel de vedar vinhos para serem consumidos entre seis meses e um ano após o engarrafamento.
Técnicas
E se pudesse juntar as duas, hein? É justamente o que chamamos de rolhas técnicas! Para aumentar a durabilidade e resistência da rolha sem deixá-la tão cara quanto a maciça, a rolha técnica tem uma estrutura feita com a aglomerada, e a base, de cortiça maciça.
Mas também existem as sintéticas…
Elas têm o mesmo efeito das rolhas de cortiça e têm certas semelhanças, mas são feitas de plástico ou até cana-de-açúcar. Permitem que o vinho respire e não correm o risco de contaminação por rolha (o fungo TCA, que ataca somente as rolhas de cortiça e é responsável por tornar os vinhos bouchonné). Além disso, são bastante resistentes, mas são utilizadas somente em vinhos mais simples e de rápido consumo após o engarrafamento.
Sem torcer o nariz: screw cap!
Muita gente carrega certo preconceito com esse tipo de vedação, mas a verdade é que, além de mais barata e mais sustentável, a screw cap veda melhor o vinho. Desde os anos 1970, os vinhos australianos são fechados assim e 80% dos vinhos da Nova Zelândia também. A verdade é que a screw cap separa mais o ar do vinho, o que contribui para a preservação dos aromas e sabores, além de facilitar a vida na hora de abrir. Então, ao ver um vinho com screw cap, nada de torcer o nariz ou achar que ele é simples demais, basta saber que são vinhos para serem consumidos em até 2 anos após o engarrafamento (alguns aguentam mais tempo).
Um charme: as rolhas de vidro
Charmosas que são, as rolhas de vidro estão por aí lacrando os rótulos mais admirados e queridos da Alemanha, Provença, Vale do Napa, entre outros. Ela veda completamente o vinho reduzindo a zero o risco de oxidação. Mas então por que não tá todo mundo usando? Já imaginou o custo dessa rolha? Pois é. Além disso, elas devem ser colocadas manualmente, o que encareceria ainda mais o preço final dos vinhos.
Zork?
Inventada na Austrália, país onde quase 50% da população reclama da dificuldade de abrir as garrafas de vinho e, aproximadamente, 30% afirma passar a garrafa para outra pessoa abrir, Zork é um tipo de vedação que por fora, funciona como um lacre destacável, e por dentro, é como uma rolha de vidro.
Mas ainda tem as especiais e específicas
Espumante
E você sabia que a rolha de espumante, quando nasce, é igual a qualquer outra rolha? Só é um pouco mais gordinha. Mas o que dá a ela aquele formato que vemos, é a pressão que o gás carbônico dos espumantes faz empurrando-a para fora até alcançar a “gaiola”, aquela estrutura de arame que fica em cima da rolha. Quando chega àquele nível, o arame faz o papel de segurá-la para que ela não saia, e então ela ganha aquele formato. Mas isso é só uma curiosidade… A estrutura dela é dividida em duas partes: a parte interna, é feita de cortiça maciça e elástica, a parte externa, de aglomerado, para aguentar a pressão.
Porto
Alguns fortificados e destilados recebem uma rolha especial. Com o vinho do Porto não poderia ser diferente. Com estrutura suficientemente boa para o envelhecimento, ele não depende tanto da vedação e, além do mais, é consumível até, aproximadamente, 30 dias depois de aberto. Tampa por fora, rolha por dentro, facilita na hora de abrir e fechar o vinho e ainda o preserva bem.
Viu só como é amplo o mundo das rolhas para perdermos tempo julgando cada uma? Todas cumprem bem o seu papel se forem devidamente utilizadas.

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