
Engarrafar o vinho para envelhecer, preservando o sabor

A história do engarrafamento do vinho é bem antiga. Já na época da Grécia e de Roma antigas, os apreciadores de vinho tinham conhecimento da qualidade dos vinhos mais envelhecidos. A Grécia foi particularmente feliz ao descobrir os “vinhos de palha”, como eram conhecidos os vinhos que tinham o amadurecimento maior, quando o teor de açúcar definia a qualidade do bom vinho produzido em suas terras.
Ânforas de barro lacradas foram os primeiros
métodos de engarrafamento do vinho.
O método que utilizavam era o armazenamento do vinho em ânforas de barro, lacradas e mantidas por muitos anos. Em Roma, o processo acabou sendo o mesmo, por herdarem muitas sabedorias da Grécia, conseguindo envelhecer o vinho por muitas décadas. Os romanos também utilizavam o método de defumar para envelhecer o vinho, mas esse processo não tornava o produto tão saudável para o consumo.
Depois do desfacelamento do Império Romano, o vinho envelhecido deixou de ser uma prioridade para os vinicultores da época. No norte da Europa era produzido um vinho levemente encorpado, com baixo teor alcoólico, que não tinha grande potencial para envelhecer, durando poucos meses antes que se transformasse em vinagre. Assim, era consumido ainda jovem, sem que houvesse a possibilidade de apreciar um vinho mais antigo, mais aromático e com maior volume.
No entanto, no final da Idade Média alguma coisa mudou: a região do Mediterrâneo começou a produzir vinhos mais doces e mais alcoólicos, produzidos através de castas mais nobres, como a Malvasia e a Sack, e esses vinhos começaram a chamar a atenção por não se transformarem tão rapidamente em vinagre. Nessa mesma época, a Alemanha também começou a produzir um vinho doce e alcoólico, o proveniente da casta Riesling, que tinham melhor combinação de acidez e de açúcar, o que trazia um nobre envelhecimento.
A adaptação da cortiça trouxe o ambiente necessário
para o engarrafamento do vinho.
Como a necessidade de apreciar um produto de melhor qualidade foi crescendo, duas inovações acabaram ocorrendo no século XVII: a cortiça, que já era conhecida, foi adaptada para um novo tipo de vasilhame, a garrafa, que também foi desenvolvida especialmente para o vinho, o que permitiu que os produtores tivessem uma embalagem segura, com um ambiente hermeticamente fechado, onde o vinho podia amadurecer com tranquilidade, trazendo o melhor de si depois de envelhecido.
Os primeiros vinhos a serem adaptados para o novo método
foram o Porto, o Madeira e o Sherries.
O processo de engarrafamento, antes das grandes indústrias, sempre foi manual e cuidadoso, hábito que não foi deixado de lado com a Revolução Industrial e o desenvolvimento de vinícolas com maior capacidade de produção e de conservação do vinho.
Nos anos que se seguiram e chegaram até nós, o vinho continua sendo envelhecido com os cuidados tomados pelos antigos, acrescendo-se a isso a completa higienização dos vasilhames, o que acaba melhorando a qualidade dos vinhos envelhecidos. O processo atual é todo automatizado, com máquinas que fazem o engarrafamento e o fechamento das garrafas, mas o produtos dentro delas continua sendo envelhecido como nos velhos tempos. E isso é que traz a qualidade dos melhores vinhos produzidos, engarrafados e envelhecidos na medida exata para serem devidamente apreciados.

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