
O vinho espanhol

A Espanha é um país de grande tradição no mundo do vinho. É o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas de Itália e França, países com produções mais antigas. A produção espanhola de diferentes tipos de vinhos corresponde a mais ou menos 13% do total da produção mundial. Os números são significativos: são quase 1,2 milhões de hectares de vinhedos, sendo o país com a maior extensão de terras de cultivo da uva no planeta; são em torno de 600 variedades de uvas plantadas no país, mas só com 20 delas se produzem 80% do vinho originário das terras espanholas. Tendo grande extensão de vinhedos e enorme produção vinícola, a Espanha ocupa o oitavo lugar na lista de países maiores consumidores de vinhos no mundo, mesmo sendo sua população menor se comparada às outras nações consumidoras de vinho.
“Segundo informações oficiais do governo espanhol, o país é o segundo em termos de volume e o terceiro em termos de valores da exportação mundial de vinhos”
Alguns outros números e características da região são importantes para dar a dimensão da importância do vinho na cultura espanhola, e da mesma forma, da importância da Espanha para a produção vinícola no mundo: o país ocupa mais de três quartos do território da Península Ibérica, e por causa da sua constituição geográfica, que está em contato ao mesmo tempo com o Oceano Atlântico e com o Mar Mediterrâneo, possui uma diversidade de climas e solos que fazem com que seja enorme a variedade de vinhos lá produzidos.
História
Segundo arqueólogos especializados sobre vinhos, a origem das variedades de uvas na região espanhola remonta aos anos de 3000 ac. Mas, seguramente, foram os povos fenícios que, por volta de 1000 ac, começaram na província de Cádiz a cultura de vinhas, mais tarde desenvolvido pelos cartagineses. Por pertencer ao território conquistado pelo Império Romano, culturalmente muito afeito aos diferentes tipos de vinhos, durante muito tempo ele foi extensamente produzido e comercializado. Depois de alguns séculos, porém, com a invasão moura na Península Ibérica, a produção vinícola ficou estagnada (vale lembrar que, ao contrário dos romanos, os mouros davam pouco valor à bebida alcoólica), apesar do cultivo de uvas continuar importante na região. Apenas no período das grandes conquistas é que o vinho espanhol voltou a ter destaque na produção mundial, com a possibilidade de comércio nas regiões recém-descobertas no chamado “novo mundo”.
“Algumas plantações espanholas atuais de uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, mais comuns na França, remontam ao século XIX, quando da epidemia da filoxera”
Um acontecimento específico ajudou sobremaneira o aumento da popularidade da indústria vinícola na Espanha. Em meados do século XIX, uma importante epidemia de um inseto chamado filoxera devastou muitos vinhedos na Europa, especialmente os da França, os principais produtores mundiais. A Espanha foi de certa forma beneficiada, pois muitos dos vinicultores franceses migraram para algumas de suas regiões, como Pirineos, La Rioja, Navarra e Cataluña, levando consigo variedades de uvas e tecnologia a ser implantada na produção espanhola, que então se consolidaria.
Regiões de cultivo, principais castas e vinhos
Para conhecer melhor a indústria vinícola na Espanha, é necessário entendê-la a partir das regiões de cultivo, cujas especificidades geográficas e de climas determinam os tipos de vinhos a serem produzidos. Da Galícia, por exemplo, região de alta umidade, com ventos frios, com chuvas frequentes e com influência do Atlântico, saem os vinhos brancos da uva Albariño, de nível de acidez alto, pouco encorpado e com aromas de frutas cítricas. Das regiões de Rioja, Ribera del Duero e Penedez, de clima fresco, saem os vinhos da principal uva espanhola, a Tempranillo (a uva nobre), com menos acidez; e saem os da Garnacha, que resultam vinhos tintos encorpados.
As variedades de uvas mais comuns, e com origens no território espanhol, se dividem em Airén, Pardina, Macabeo e Palomino entre as brancas, e Tempranillo, Bobal, Garnacha e Monastrell entre as uvas para vinho tinto. Entre as castas internacionais se destacam Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay. Todas elas se adaptam a regiões, técnicas de cultivo e produção específicas.
“A região de Castilla-La Mancha tem 473.050 hectares de vinhedos plantados na Espanha, 48,7 % do total, a mais extensa zona geográfica do mundo dedicada ao cultivo da uva.”
Regulamentação
Em 2003, visando o maior controle da produção vinícola espanhola, além de ser uma medida para reforçar a competitividade dos vinhos europeus, foi definida uma legislação que regula as denominações de origem e indicações geográficas na Espanha. A partir de então, os vinhos espanhóis passaram a ser divididos em duas categorias principais:
– DOP (Denominación de Origen Protegida), que dizem respeitos aos vinhos com características referentes apenas à sua origem geográfica – em poucas palavras: na produção, as uvas devem ser originárias totalmente de certa zona territorial, bem como se exige que todo o processo da transformação da uva em vinho aconteça dentro da região em questão.
– IGP (Indicación de Origen Protegida), que engloba vinhos onde se exige que ao menos 85% das uvas utilizadas no processo sejam de certa região, mas cuja produção seja totalmente feita nesta região.
Ainda existem algumas subdivisões dessas duas categorias. Os vinhos IGP se divide entre os “vinos de la tierra”, que é a nomenclatura tradicional dos vinhos de mesa com característica especificas que estão ligadas a sua região de origem. Quanto aos vinhos DOP, as subdivisões são cinco: Vinos de Calidad com Indicación Geográfica, Denominación de Origen, Denominación de Origen Calificada, Vino de Pago e Vino de Pago Calificado, responsável pelos melhores vinhos.
Todas essas informações vêm nos rótulos dos vinhos produzidos na Espanha. E além dessas divisões e subdivisões, eles ainda podem trazer informações sobre algumas categorias referentes ao tempo de envelhecimento de cada um: Crianza (tempo de 24 meses para os tintos e 18 para o brancos), Reserva (36 meses para os tintos e 24 para os brancos) e Gran Reserva (60 meses para os tintos e 48 para os brancos).
“Estima-se que existam mais de 4.600 estabelecimentos especializados na produção e comercialização dos mais variados tipos de vinhos espanhóis”

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