
Rótulos de vinhos: aprenda a ler!

À primeira vista, ele pode parecer apenas uma futilidade, mas não se engane, o rótulo é uma das primeiras e principais ferramentas de auxílio na escolha do vinho que você procura. Ele é o documento de identidade do vinho, está lá colado à garrafa justamente para informar ao consumidor tudo o que interessa na bebida: país produtor, vinícola, variedades de uvas, safra, teor alcoólico, volume, etc.
São tantas as opções de vinhos no mercado que seria quase impossível um consumidor saber, sem antes provar, qual bebida preferir e escolher. Nesse sentido, os rótulos existem como guias, mais do que isso, eles são um elo de comunicação entre o produtor e o consumidor do vinho – mediados por leis governamentais, é preciso dizer, já que os rótulos contêm informações obrigatórias regulamentadas por órgãos oficiais do governo de cada país.
Antes de comercializar seu vinho, o produtor deve submeter à aprovação do governo do seu país o modelo do rótulo que acompanhará a bebida com todas as informações pertinentes.
Apesar de nem todos os rótulos conterem a mesma quantidade e qualidade de informações (alguns são mais completos, outros mais genéricos e básicos), a maior parte deles tem informações satisfatórias; logo, aprender a ler atentamente o rótulo de um vinho é a forma mais elementar de conhecer a bebida em questão.
Definitivamente, não é preciso ser um expert para escolher um vinho pelo seu rótulo, mas também não se deve ser levado pelo impulso instintivo ou pela atração por um rótulo bem feito, cheio de cores, de bonito design, que parece definir de imediato o caráter da bebida. Não caía nessa. Algumas dicas a serem seguidas são essenciais para conhecer um vinho através do seu rótulo:
Nome do Vinho
Certamente é o primeiro e o maior nome que você verá no rótulo. Normalmente é usado pelo produtor para distinguir um produto do outro, e, portanto, facilitar sua divulgação e comercialização. Para o consumidor, serve como primeira identificação da bebida. Se você já conhece um vinho pelo nome, será mais fácil identifica-lo no mercado
Variedade da Uva
Informação que dá uma boa indicação do tipo, aroma e sabor do vinho. Informa a casta (ou castas) que produz o vinho. No novo mundo vinícola, onde os vinhos são produzidos na sua maioria com uvas específicas, a ideia de destacar a casta utilizada é bem mais forte do que na Europa, onde, os consumidores se habituaram a saber que, em regra geral, certas regiões elaboram vinhos com certas uvas.
Safra
A Safra denota o ano em que a uva (ou uvas) que compõe o vinho foi colhida. É uma informação importante porque indica a idade do vinho – alguns vinhos ficam melhores com o tempo, outros são feitos para serem consumidos tão logo quanto possível, saber o ano da safra de cada um desses tipos de vinhos, portanto, é fundamental. Se não houver a data da safra no rótulo é porque a bebida foi elaborada com safras diversas.
Produtor
Essa informação é talvez a mais importante contida no rótulo, pois está relacionada diretamente com a qualidade do vinho. Os produtores têm características únicas e personalizadas, saber diferenciá-los, conhecer a reputação de cada um, é um passo e tanto para conhecer a origem e qualidade do vinho escolhido.
Região de origem
Aqui está uma informação relacionada com as características gerais e especificas do vinho. A região de origem da bebida revela o clima, o solo, o terroir, onde a uva foi cultivada e o vinho produzido, logo, revela sua marca. Quanto mais específica a designação da origem (país, região, sub-região, etc), mais facilidade o consumidor tem em identificar as características do vinho.
Na França, onde a regulamentação oficial sobre os vinhos é bastante rígida, os rótulos tem informações bem mais complexas que nos países do novo mundo.
Existem outras informações mais detalhadas como Classe, que diz se o vinho é fino, licoroso, espumante, etc; o Teor Alcoólico, que determina o percentual do volume de álcool no vinho (quanto maior, mais forte a bebida); o Volume da bebida na garrafa, normalmente dada em mililitros, e assim por diante. No contrarrótulo, que fica atrás da garrafa, também indica algumas informações importantes para o consumidor, como a composição do vinho, o número de lote da garrafa e a razão social do seu produtor, além de identificação e endereço do importador.
História e curiosidades envolvendo os rótulos
Como quase tudo que se relaciona a bebida que amamos, a rotulagem dos vinhos tem origem em tempos quase imemoriais, certamente, não como a conhecemos hoje. Mas a mesma função que o rótulo exerce hoje em dia atualmente já existia há quase 3000 ac. no Egito, onde a identificação do vinho era gravada nas ânforas, ou, como em algumas ocasiões, chegavam a ter pintada a indicação da safra e origem do vinho.
Até o século XVII, porém, os vinhos eram comercializados tendo apenas a identificação gravada nas barricas. No final século XVIII, com a invenção e desenvolvimento da Litografia, técnica que permitiu a impressão de gravuras, os rótulos começaram a aparecer com maior frequência. Os primeiros países a utilizarem este elo entre o produtor e o consumidor nos seus vinhos foram os franceses e os alemães. No Século XIX, os produtores das tradicionais regiões de Champagne e Bordeaux começaram a estampar seus excelentes vinhos em sinal de distinção social.
Os primeiros rótulos franceses foram feitos numa gráfica na região de Bordeaux em 1818.
Com a burguesia em ascensão, e a elevação do poder aquisitivo dessa nova classe, surge a necessidade de identificar com maior exatidão a bebida, desde a sua região origem até a idade do vinho (quanto mais informação, melhor), como forma de promover socialmente e culturalmente esta classe, que com seu poder econômico cada vez mais crescente ansiava por prestigio. Nesse sentido, os primeiros rótulos dos vinhos franceses eram limitados a um objetivo, e utilizados de forma quase privada. Atendendo, muitas vezes, a encomendas de gente de muitas posses.
O Vinho do Porto começou a ser rotulado em 1869, por encomenda de Dona Antónia, para engarrafar os vinhos que deram origem à Quinta do Vesúvio de D. Antónia A. Ferreira.
Foi apenas no século XX, porém que os rótulos adquiriram importância relevante. O principal motivo foi a praga filoxera que atacou a maior parte dos vinhedos europeus no final dos anos de 1800, e causaram uma onda gigante de fraude nos vinhos na virada do século. É então que nasce o conceito de denominação de regiões produtoras, que delimita, através do controle rígido de leis, a produção de cada vinho a uma região ou produtor específico, evitando assim a fraude na comercialização da bebida.
A partir desta nova maneira de tratar a produção e comercialização do vinho na Europa, a utilização do rótulo tornou-se indispensável, pois além de identificar o produto, ele garantia sua genuinidade. Com o aumento do consumo dos vinhos nos meios citadinos e urbanos, transformando-se num produto que denota cultura, e com as descobertas do impacto positivo do consumo moderado de um bom vinho na saúde humana, o rótulo ganhou importância decisiva.
Durante grande parte do século XIX, antes do uso massivo do rótulo, o vinho era vendido a granel por negociantes que eram a únicas fontes de garantia de qualidade e origem do vinho.
Desta forma, pode-se afirmar que a história dos rótulos dos vinhos, sua utilização ao longo do tempo, suas funções adquiridas com o passar dos anos, em muitos aspectos, tem estreita ligação com a evolução social, econômica, industrial e até política da civilização ocidental.

Comentários
Adorei o conteúdo referente aos rótulos de vinho, bem esclarecedor!
Adorei o conteúdo referente aos rátulos de vinho, bem esclarecedor!
vendo o texto acima me interessei em receber mais sobre os vinhos.
grato
fernando