
Tinta de Toro, uva de tradição e personalidade

Uma variedade autóctone por excelência, assim pode ser definida a uva Tinta de Toro. Originária na Espanha, essa majestosa cepa ganhou este nome na região de Toro, no noroeste do país, onde é tida como estrela principal de uma produção vinícola cada vez mais importante no mercado dos vinhos de qualidade.
É também conhecida por outros tantas designações como Tempranillo, Tinto Fino, Aragones, Tinta Roriz, etc. – seus nomes variam dependendo do lugar onde é cultivada. É predominante em países com Espanha e Portugal, mas, devido sua versatilidade e facilidade de cultivo, tem se espalhado por outros países como Chile e Argentina.
Toro fica localizada na província de Zamora e abrange aproximadamente 5.600 ha de vinhas.
É capaz de produzir diferentes tipos de vinhos em cada terroir, sendo essa uma de suas principais qualidades. Em Toro, onde o solo e o clima singular lhe possibilitam uma boa maturação dos seus açúcares, esta tinta tem tipicidade inteligentemente explorada, resultando tradicionalmente vinhos potentes, cheios de sabor, aromáticos e bastantes estruturados.
História
A Tinta de Toro é uma uva com longa história através dos séculos e cheia de tradição. Tem origem no ano de 210 a.c, quando os romanos promoveram a sua viticultura nas regiões à beira do rio Duero, logo depois que invadiram o território espanhol. Na Idade Média, produzia vinhos que eram apreciados por muitos e que desfrutavam de privilégios de comercialização em cidades onde eram proibidas as vendas da bebida.
Na era dos descobrimentos, seus vinhos foram os primeiros a chegar ao novo mundo – extremamente concentrados e muito potentes, eles eram elaborados com o objetivo de suportar as longas viagens dos exploradores europeus que se lançavam à descoberta de novas terras.
Segundo diz a lenda, os vinhos da Tinta de Toro abasteciam os navios da frota comandada por Colombo que chegaram à América.
No final século XIX, ajudou a abastecer o mercado de vinhos na França, depois que a praga phyloxera atacou os vinhedos franceses, prejudicando o cultivo e produção de vinhos no país (as vinhas da Tinta de Toro mostraram-se extremamente resistentes à praga). Já no século XX, tornou-se a uva oficial da então criada Denominação de Origem de Toro, que regulamentou a produção das vinícolas da região, dando origem a vinhos de caráter único, que representam muito bem toda a singularidade de Toro.
Características e cultivo
A Tinta de Toro tem coloração escura profunda e bagos pequenos. Sua pele é firme e espessa, o que possibilita a produção de vinhos estruturados e com cor rica e profunda. Seu aroma e sabor são intensos, elaborando vinhos com toques de frutas vermelhas e pretas.
Tradicionalmente, é uma uva que produz vinhos rústicos, tânicos e com teor alcoólico elevado, devido principalmente ao seu rápido amadurecimento, que por sua vez ocasiona a concentração maior de açucares. Seus vinhos chegavam a ter nível de álcool na casa de 16%, o que vem mudando devido a uma percepção diferente de mercado dos produtores de Toro – eles mantiveram a tipicidade de sua produção, mas se adaptaram aos novos consumidores.
A uva agora tem colheita adiantada, o que evita seu amadurecimento excessivo, diminuindo seu nível de álcool. Além dessa, outras medidas também foram tomadas para adequar o cultivo da casta à produção de vinhos modernos na região, como controle de temperatura, utilização de barricas de carvalho, etc.
Falando em cultivo, suas vinhas estão situadas entre 600 e 800m de altitude, ou seja, sofrem influências de temperaturas com amplitudes elevadas, podendo variar entre 22º e 4º diariamente. O solo arenoso e bem drenado onde cresce dá às vinhas à fruta mais resistência natural e caráter. Os vinhedos da Tinta de Toro representam ¾ de toda a plantação da região espanhola, e grande parte deles são considerados os mais antigos da Europa.
Vinhos
Como já se disse anteriormente, os vinhos da Tinta de Toro são geralmente tânicos, fortes, bem estruturados e resistentes à oxidação. Vinhos com personalidade, perfeitos para serem servidos com comida – se dão bem com carnes vermelhas. Mas, dependendo do seu cultivo, podem resultar vinhos versáteis, de um jovem, frutado e vibrante, sem grande influência de carvalho, até aquele estruturado com boa capacidade de envelhecimento.

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