
Zinfandel, a jóia californiana

A uva Zinfandel é a casta mais comum e apreciada na Califórnia, onde é cultivada desde a metade do século XIX. Esta uva tinta produz vinhos de características diferentes, que podem ser secos ou doces, encorpados ou de médio corpo, robustos ou de fácil degustação, etc. De modo geral, apresenta taninos acentuados, de coloração vermelho rubi intenso e envelhecimento de média duração.
Sua produção é quase que exclusivamente atrelada ao Novo Mundo, segundo pesquisas, mais de 90% do cultivo da Zinfandel no mundo é feito nos Estados Unidos; e lá, apesar da sua produção em outros 15 estados, a Califórnia possui a maior aérea plantada desta tinta, chegando a 11% do total dos vinhedos do estado da costa oeste americana. Ainda que com pouca expressão, outros países também cultivam esta tinta: Austrália, México e África do Sul, são os três principais.
História
A uva Zinfandel chegou aos Estados Unidos vinda da Europa no século XIX, e imediatamente obteve sucesso na adaptação ao Novo Mundo por ser uma casta dinâmica e versátil. Muito se discute a respeito de sua origem; estudiosos comprovaram através de testes científicos que a uva característica da Califórnia tem origem na Croácia, via Itália: geneticamente, ela tem equivalência com a Primitivo, variedade tradicionalmente cultivada na Itália, que por sua vez tem parentesco próximo com a uva croata Crljenak Kastelanski.
Segundo pesquisas, Joseph W. Osborne foi provavelmente o primeiro produtor a fazer um vinho da Zinfandel na Califórnia em 1857.
Sua história na Califórnia começou nas tradicionais regiões vitivinicultoras de Sonoma e Napa por volta de 1850, quando houve um grande desenvolvimento na região devido à Corrida do Ouro. Alguns poucos produtores começaram com seu cultivo de forma quase caseira, mas a uva Zinfandel se espalhou de tal forma que já no fim do século XIX ela já era a variedade com maior presença nos vinhedos californianos.

Por conta da “Lei Seca” americana, a uva ficou apagada por 50 anos, voltando a ter popularidade na década de 1970.
Com a proibição de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos durante as primeiras décadas do século XX, a produção de vinhos diminuiu drasticamente; por consequência muitos vinhedos foram destruídos e a Zinfandel perdeu espaço, servindo às vezes para a produção de vinhos de mesa de forma ilegal. Foi só na década de 1970 que houve sua redescoberta, de forma um tanto curiosa inclusive, pois ela serviu de base para a produção de vinho “branco” (na verdade, rosé), que se adequou bastante ao consumidor americano nos anos 70. Já nos anos de 1990, a popularidade dos vinhos tintos secos feitos com a Zinfandel deu uma nova vida ao seu cultivo e produção.
Características e Vinhos
As vinhas da Zinfandel são bastante vigorosas e se dão bem especialmente em clima com bastante calor, mas não tão quente, já que elas podem murchar com o calor em excesso. Seu tempo de amadurecimento não é tão longo, e seu nível de açúcar é alto, muito devido também ao terroir característico da Califórnia, região com sol intenso e banhada pelo Pacífico.
A uva Zinfandel é conhecida por diversos nomes ao redor do mundo, como Gioia Del Colle, Locale, Morellone, Plavac Veliki, Primaticcio, Primitivo Di Gioia, Primitivo Nero, Uva Della Pergola, Uva Di Corato, Zin (informal).

O vinho “White Zinfandel” é feito com a própria uva tinta, tendo a casca retirada rapidamente, resultando num vinho rosé.
De forma geral, os vinhos tintos da Zinfandel apresentam bom aroma frutado, com coloração rubi violácea profunda, bons taninos, acidez equilibrada e teor alcoólico relativamente alto, média de 15%; seu final tem persistência boa, sem amargor, é normalmente macio e redondo. No paladar, destacam-se as frutas vermelhas como framboesa, amora, cereja e ameixa, além de notas de baunilha, tabaco e especiarias nos mais envelhecidos.
O vinho “branco” produzido a partir da Zinfandel, conhecido como White Zinfandel, é bastante famoso no mercado e é elaborado com frutas cujas peles são retiradas rapidamente logo após serem esmagadas para que tenham mínimo contato possível com a pigmentação profunda característica desta tinta, o resultado são vinhos com coloração rosada.
Harmonização

Os vinhos zinfandel, tanto tinto como brancos, são versáteis na harmonização, acompanhando bem diversos pratos.
Os vinhos tintos da uva Zinfandel são boas companhias para diferentes carnes como vermelha, porco e aves, preparados das mais diversas formas: grelhadas, cozidas ou assadas. Por ser encorpado e macio, com toque doce e equilíbrio entre acidez e álcool, acompanha bem filet mignon e queijos amarelos. Para os amantes da carne, um bom T-bone Steak é combinação imbatível. A sua versão “branca” se dá bem com uma variedade grande de pratos, que vão desde pratos Cajun a comida asiática, de frango à churrasco ou entradas com frutos do mar.

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